A implementação da conta satélite do turismo – conjunto de instrumentos estatísticos sobre a contribuição dessa atividade para a economia nacional e sua relação com outros setores – proporcionará informações essenciais para o planejamento da retomada do turismo pós-pandemia, entendem os especialistas ouvidos pela Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CRE), nesta segunda-feira (29), em audiência pública semipresencial. Conduzida pelo presidente da CRE, senador Fernando Collor (PROS-AL), a audiência é a 13ª etapa do ciclo de debates da CRE sobre o setor turístico.
Na abertura da audiência, Collor lembrou a importância da atividade turística para a geração de emprego, renda e tributos, mas ressalvou que a mensuração de seu tamanho no contexto geral da economia é uma tarefa complexa diante da grande interação das atividades turísticas com as de outros setores.
— Algumas são diretamente associadas a ele, como são os serviços de alojamento, guias turísticos e atrações turísticas, entre outros. Outras são atividades apenas conexas, como táxis ou transporte por aplicativo, restaurantes, lojas de artesanato — resumiu.
O senador acrescentou que a Organização Mundial do Turismo oferece modelos padronizados para mensuração da atividade, permitindo comparações entre países, e o Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE) já realiza pesquisas específicas sobre turismo dentro da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).
No entanto, a conta satélite do turismo ainda não está implementada. Mas, Elton Gomes de Medeiros, coordenador-geral de dados e informações do Ministério do Turismo, declarou sua convicção de que isso será possível com a parceria “frutífera” com o IBGE e a previsão de publicação de dados que embasem uma série histórica robusta para formulação de políticas públicas.
Medeiros citou estudos realizados pelo ministério que revelam a mudança de perfil da demanda turística como efeito da crise da covid. Essa situação, conforme sublinhou, pôs em destaque a importância do turismo doméstico – responsável por 96,1% das viagens – e mostrou que há um grande potencial turístico a ser explorado na retomada. Enquanto seguem fortes as tradicionais demandas por destinos de sol e praia e por atividades culturais, outros segmentos crescem.
— Se percebe muito fortemente o brasileiro viajando buscando natureza, ecoturismo e aventura, o turismo de isolamento, geralmente andando de carro — disse.
Fabio Montanheiro Alves do Nascimento, consultor de turismo da Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competitividade (Invest SP), apresentou dados do Centro de Inteligência da Economia do Turismo (Ciet) sobre os efeitos da pandemia no turismo no estado de São Paulo: os números sobre o turismo nos fins de semana de 2021 apontam um crescimento de 6% no movimento de carros em relação a 2019.
— Isso nos sugere que o turismo de proximidade cresceu muito nesse período: as pessoas estavam procurando, nesse momento, destinos próximos às suas residências, e agora vão retomando as viagens mais longas, inclusive para outros estados e países. Mas, por enquanto, o foco no estado é o turismo rodoviário.
Cimar Azeredo Pereira, diretor de pesquisas do IBGE, lembrou o esforço do instituto para pôr em campo a Pnad Contínua com módulo específico de turismo – o qual, segundo ele, foi mantido em 2020 e 2021, apesar do baixo aproveitamento das consultas telefônicas durante o auge da pandemia.
— A conta satélite é uma extensão do sistema de contas nacionais, permite que possamos elaborar análises sobre o perfil de um determinado setor e compará-lo com o todo da economia — avaliou.
Ronaldo Lopes, prefeito de Penedo (AL), disse que a retomada da atividade econômica pós-pandemia abre um grande potencial turístico, inclusive de integrar cidades que não fazem parte do circuito tradicional de destinos. Para isso, segundo ele, é preciso buscar tanto os turistas, quanto os investidores.
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